quarta-feira, 21 de março de 2012

Cuidado com os reviZores!


Todo escritor convive com um terror permanente: o do erro de revisão. O revisor é a pessoa mais importante na vida de quem escreve. Ele tem poder de vida ou de morte profissional sobre o autor. A inclusão ou omissão de uma letra ou vírgula no que sai impresso pode decidir se o autor vai ser entendido ou não, admirado ou ridicularizado, consagrado ou processado. 
Todo texto tem, na verdade, dois autores: quem o escreveu e quem o revisou. Toda vez que manda um texto para ser publicado, o autor se coloca nas mãos do revisor, esperando que seu parceiro não falhe. Não há escritor que empregue palavras como, por exemplo, “ônus” e “carvalho” e depois não fique metaforicamente de malas feitas, pronto para fugir do país se as palavras não saírem impressas como no original, por um lapso do revisor. Ou por sabotagem.
Sim, porque a paranoia autoral não tem limites. Muitos autores acreditam firmemente que existe uma conspiração de revisores contra eles. Quando os revisores não deixam passar erros de composição (hoje em dia, de digitação), fazem pior: não corrigem os erros ortográficos e gramaticais do próprio autor, deixando-o entregue às consequências dos seus próprios pecados de concordância, das suas crases indevidas e pronomes fora do lugar. O que é uma ignomínia. Ou será ignomia? Enfim, não se faz.
Pode-se imaginar o que uma conspiração organizada, internacional, de revisores significaria para nossa civilização. Os revisores só não dominam o mundo porque ainda não se deram conta do poder que têm. Eles desestabilizariam qualquer regime com acentos indevidos e pontuações maliciosas, além de decretos oficiais ininteligíveis. Grandes jornais seriam levados à falência por difamações involuntárias, exércitos inteiros seriam mobilizados por manuais de instrução militar sutilmente alterados, gerações de estudantes seriam desencaminhadas por cartilhas ambíguas e fórmulas de química incompletas. Os efeitos de uma revisão subversiva na instrução médica são terríveis demais para contemplar.
Existe um exemplo histórico do que a revisão desatenta – ou mal-intencionada – pode fazer. Uma das edições da Versão Autorizada da Bíblia publicada na Inglaterra por iniciativa do rei James I, no século XVII, ficou conhecida como a “Bíblia Má”, porque a injunção “Não cometerás adultério” saiu, por um erro de impressão, sem o “não”. Ninguém sabe se o volume de adultérios entre os cristãos de fala inglesa aumentou em decorrência dessa inesperada sanção bíblica até descobrirem o erro, ou se o impressor e o revisor foram atirados numa fogueira juntos, mas o fato prova que nem a palavra de Deus está livre dos revisores. […]
Não posso me queixar dos revisores. Fora a vontade de reuni-los em algum lugar, fechar a porta e dizer “Vamos resolver de uma vez por todas a questão da colocação das vírgulas, mesmo que haja mortos”, acho que me têm tratado bem. Até me protegem. Costumo atirar os pronomes numa frase e deixá-los ficar onde caíram, certo de que o revisor os colocará no lugar adequado. Sempre deixo a crase ao arbítrio deles, que a usem se acharem que devem. E jamais uso a palavra “medra”, para livrá-los da tentação.

(Luis Fernando Veríssimo)

** Texto adaptado, retirado na íntegra da prova da Fepese para o concurso de Revisor de Texto da Universidade Federal da Fronteira Sul

O hífen e a nova ortografia

1) Regra Geral
a) SEMPRE separam-se os prefixos de palavras que comecem com a letra "H".
Ex: sub-humano, super-herói, super-homem.
b) SEMPRE separam-se os prefixos das palavras que começam com letra igual àquela que termina o prefixo (sendo vogal ou consoante).
Ex: Super-romântico, micro-organismo, tele-entrega, intra-abdominal, hiper-requisitado.
2) Prefixos RECÉM-, ALÉM-, AQUÉM-, VICE- e EX- (no sentido de "estado anterior"): SEMPRE COM HÍFEN (não importa qual letra venha antes ou depois)
Ex: Recém-casados, recém-nascido; além-mar...
3) Prefixos CIRCUM e PAN - somente vai hífen quando a palavra seguinte começar com H, M, N ou VOGAL (qualquer uma).
Ex: Cirum-navegação, pan-americano.
4) Prefixo terminado em vogal + palavra seguinte começando com vogal diferente: não se usa hífen!
Ex: antiaéreo (anti+aéreo), agroindustrial (agro+industrial), autoescola (auto+escola).
5) Prefixo terminado em vogal + palavra seguinte começando em S ou R, dobram-se as vogais.
Ex: ultrarromântico (ultra+romântico), antissocial (anti+social), neorrealismo (neo+realismo), minissaia (mini+saia)
6) Os nomes compostos que empregam o d’ mantiveram-se com hífen.
Ex: queda-d’água, marca-d’água, caixa-d’água etc.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Divulgação

Resumo dos pronomes de tratamento


QUADRO DE PRONOMES DE TRATAMENTO
PRONOME
ABREVIATURA
VOCATIVO
EMPREGO
Sing.
Plural




Vossa Excelência




V.E  ͯª  




V. E  ͯªˢ
Excelentíssimo Senhor (seguido do cargo respectivo – para Presidente da República, Presidente do Congresso Nacional e Presidente do STF);
Senhor (seguido do cargo, para as demais autoridades)



Autoridades do Executivo, Legislativo e do Judiciário.
Vossa Senhoria
V.S.ª
V.S.ªˢ
Senhor (seguido do cargo para autoridades ou do nome se particulares)

Autoridades e particulares
Vossa Magnificência
Magnífico Reitor
Reitores de Universidades
Vossa Excelência / Doutor
V. E  ͯª
V. E  ͯªˢ
Meritíssimo Juiz
Juízes de Direito
AUTORIDADES RELIGIOSAS
PRONOME
ABREVIATURA
VOCATIVO
EMPREGO
Sing.
Plural
Vossa Santidade
V.S.
Santíssimo Padre
Papa
Vossa Eminência ou;

Vossa Eminência Reverendíssima

V. E  ͫ ͣ
V. E  ͫ ͣ Rev  ͫ ͣ


Acrescenta-se S no alto
Eminentíssimo Senhor Cardeal;

Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal


Cardeais
Vossa Excelência Reverendíssima
V.E  ͯª Rev  ͫ ͣ   
Acrescenta-se S no alto
Reverendíssimo Senhor
Arcebispos e Bispos
Vossa Reverendíssima ou
Vossa Senhoria Reverendíssima

V.Rev  ͫ ͣ  
Ou V. S.ª
Rev  ͫ ͣ     


Acrescenta-se S no alto

Reverendíssimo(a) Senhor(a)

Monsenhores, Cônegos e superiores religiosos
Vossa Reverência
V. Revª
Acrescenta-se S no alto
Reverendo(a) Padre (Madre)
Sacerdotes, Clérigos e demais religiosos

EXERCÍCIOS

1) (CONSEP - adaptado) Analise  a  veracidade  (V)  ou  falsidade  (F)  das  frases abaixo,  considerando  as  proposições  para a linguagem do texto oficial.
( )  Empregar termos de uso comum às diversas regiões do  Estado,  evitando  o  uso  de  regionalismos  e modismos.
( )  Valorizar, quando necessário, o emprego de palavra ou expressão que confira ambiguidade ao texto.
( )  Buscar  o  paralelismo  nominal  e  verbal  entre  as disposições  dos  incisos,  das  alíneas  e  dos  itens 
constantes na mesma enumeração.
( )  Expressar a mesma ideia, ao longo de todo o texto, por meio das mesmas palavras, privilegiando sinônimos.
( )  Usar frases e períodos sucintos, mas sem dispensar adjetivos,  advérbios,  bem  como  construções 
explicativas ou exemplificativas.
Assinale  a  alternativa  que  preenche  corretamente  os parênteses, de cima para baixo.
a)  V – V – F – V – V
b)  F – F – V – V – F 
c)  V – F – V – F – F 
d)  V – V – V – F – V 

2) (CONSEP) Em redações oficiais, é CORRETO:
a)  solicitar  à  autoridade  competente  a  mudança  de decisão proferida em relação a determinada matéria 
por meio de um parecer.
b)  usar a forma abreviada de tratamento V. Exª, se o destinatário é o Presidente da República.
c)  empregar o termo Respeitosamente como fecho em modalidade de comunicação oficial endereçada a 
autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior:
d)  dispensar  o  emprego  do  superlativo  ilustríssimo para as autoridades que recebem o tratamento de 
Vossa Senhoria e para particulares, pois é suficiente o uso do pronome de tratamento Senhor.

3) (FGV) É  o  instrumento  de  comunicação  oficial  entre  os  Chefes  dos Poderes Públicos, notadamente as comunicações enviadas pelo Chefe  do  Poder  Executivo  ao  Poder  Legislativo  para  informar sobre fato da Administração Pública; expor o plano de governo por  ocasião  da  abertura  de  sessão  legislativa;  submeter  ao Congresso Nacional matérias que dependem de deliberação de suas  Casas;  apresentar  veto;  enfim,  fazer  e  agradecer comunicações  de  tudo  quanto  seja  de  interesse  dos  poderes públicos e da Nação. 
Segundo  o  Manual  de  Redação  da  Presidência  da  República,  a definição acima se refere a: 
(A)  mensagem. 
(B)  ofício. 
(C)  aviso. 
(D)  memorando. 
(E)  exposição de motivos. 

4) A respeito do Manual de Redação da Presidência da República, analise os itens a seguir: 
I.  A  redação  oficial  deve  caracterizar-se  pela  impessoalidade, uso  do  padrão  culto  de  linguagem,  clareza,  concisão, formalidade  e  uniformidade.  Além  disso,  incorporam-se  os jargões jurídicos. 
II.  A transparência do sentido dos atos normativos, bem como sua  inteligibilidade,  são  requisitos  do  próprio  Estado  de Direito:  é  inaceitável  que  um  texto  legal  não seja  entendido 
pelos cidadãos. 
III.  Além  de  atender  à  disposição  constitucional,  a  forma  dos atos  normativos  obedece  a  certa  tradição.  Há  normas  para sua  elaboração  que  remontam  ao  período  de nossa  história imperial,  como,  por  exemplo,  a  obrigatoriedade  de  que  se aponha,  ao  final  desses  atos,  o  número  de  anos 
transcorridos  desde  a  Independência.  Essa  prática  foi mantida no período republicano. 
Assinale: 
(A)  se somente os itens I e III estiverem corretos. 
(B)  se nenhum item estiver correto. 
(C)  se todos os itens estiverem corretos. 
(D)  se somente os itens I e II estiverem corretos.
(E)  se somente os itens II e III estiverem corretos. 


quinta-feira, 8 de março de 2012

Pronomes de Tratamento

Cada vez mais em concursos ou até mesmo em vestibulares tradicionais vem sendo cobrada outra modalidade de produção textual além da boa e velha dissertação: a carta. Para sair-se bem nessa tarefa, o vestibulando ou concursista deve conhecer alguns detalhes para produzir este tipo de texto.

Portanto, além de seguir minhas dicas, atente para o uso correto dos pronomes de tratamento - lembrando que, quando o assunto é Concurso Público, daqui podem sair muitas questões. De acordo com o Manual de Redação da Presidência da República (2002, p. 9-11), 

"A redação das comunicações oficiais deve, antes de tudo, seguir os preceitos explicitados no Capítulo I,
Aspectos Gerais da Redação Oficial. Além disso, há características específicas de cada tipo de expediente, que serão tratadas em detalhe neste capítulo. Antes de passarmos à sua análise, vejamos outros aspectos comuns a quase todas as modalidades de comunicação oficial: o emprego dos pronomes de tratamento, a forma dos fechos e a identificação do signatário.

1. Pronomes de Tratamento
1.1. Breve História dos Pronomes de Tratamento

quarta-feira, 7 de março de 2012

Dica do dia: Pontuação

Pontuar um texto é algo intuitivo para você?
Se você pretende fazer um concurso público (e ser aprovado), esqueça o que a professorinha do primário falou sobre a pontuação, ou seja, A VÍRGULA NÃO APARECE QUANDO SE RESPIRA! O  uso  da  vírgula  está  ligado  a  aspectos  sintáticos  e  não respiratórios.  

"O princípio geral da vírgula é não separar aquilo que possui relação lógica. Paralela a essa noção,  deve-se saber  isolar o termo secundário, explicativo ou  deslocado, que estará entre os que possuem relação lógica" (BOLOGNESI, João).


I - OS VÍNCULOS LÓGICOS
a) não se separa o sujeito e o verbo nem o verbo e o complemento 
        Os números pesquisados pelo IBOPE   não revelam   a verdadeira tendência do eleitor.
                sujeito               verbo          complemento

b) não se separa o conectivo e a oração que ele introduz 
  Todos sabiam   que     a solução do problema dependeria da ajuda do governo.
                                 conectivo        oração a ele vinculada

c) não se usa vírgula para a oração adjetiva restritiva 
  As pessoas   que se inscreveram até o dia 10     receberão o comprovante hoje.
                         oração adjetiva restritiva

II - OS ELEMENTOS ACIDENTAIS
d) usa-se a vírgula para os adjuntos adverbiais e orações adverbiais deslocados 
  Os números do IBOPE não revelam ,  com precisão ,  a verdadeira tendência do eleitor.
                                                 adjunto adverbial  

  Ele , rapidamente ,  resolveu o problema.
                   adjunto adverbial  

  Eles sabiam que , embora houvesse sinais de melhoria ,  a solução seria difícil.
                                                            oração adverbial

Caso se atingisse o índice combinado ,  o Brasil  receberia as aplicações.
                                  oração adverbial

e) usa-se a vírgula para o aposto 
  Lula , presidente do Brasil ,  recebeu elogios em sua recente viagem.
                aposto    

f) usa-se a vírgula para a oração adjetiva explicativa 
  O Brasil , que ainda pode crescer neste ano ,  tenta exportar mais.
                            oração adjetiva explicativa

g) usa-se a vírgula para as orações reduzidas com valor adverbial 
        Ao estabelecer uma meta, o Brasil passou a ter uma direção para suas ações sociais.
                  oração reduzida

      O Brasil , estabelecendo uma meta , passou a ter uma direção para suas ações sociais.
                            oração reduzida

         Passados alguns meses , a estabilidade econômica revelou-se novidade para muitos.
          oração reduzida                                    

III - CONJUNÇÕES COORDENATIVAS
h)  usa-se  a  vírgula  para  as  conjunções  coordenativas  (porém,  contudo,  pois,  portanto...) quando elas estão deslocadas 
  Pelos motivos já alegados, a empresa não podia , portanto , cobrar esta nova taxa.
                                                   conjunção deslocada

  Comprei as revistas; os livros e os jornais , porém ,  não consegui.
                                                 conjunção deslocada

i) quando as conjunções coordenativas (porém, contudo, pois, portanto...) estão abrindo uma oração, usa-se somente uma vírgula antes 

Havia um contrato , portanto ambas as partes deveriam respeitá-lo.
                                  conjunção abrindo a oração

  O time jogou bem , porém não conseguiu vencer.
                         conjunção abrindo a oração

j) quanto à conjunção “e”, ela receberá corretamente a vírgula quando 

. ligar orações com sujeitos diferentes
  O Brasil fez a proposta , e  a Argentina pensa em aceitá-la.
   sujeito 1                      sujeito 2

. unir orações com ideias adversas (a conjunção  “e” pode ser trocada pela conjunção  “mas”)
  O Brasil fez a proposta , e  a Argentina rejeitou-a imediatamente.
                                  e = mas

. formar o polissíndeto (repetição da conjunção)
  E correu , e  brincou , e  pulou, e  gritou.

 I V - ORAÇÕES ADJETIVAS
As  orações  adjetivas  são  sempre  introduzidas  por  pronomes  relativos.  Para  que  seja 
classificada a oração adjetiva, depende-se do uso da vírgula, pois: 

. a adjetiva explicativa sempre virá com vírgula; 
      São Paulo , que continua a ampliar sua vida cultural , inaugura novo museu esta semana.
           pronome relativo => oração adjetiva => com vírgulas => explicativa

. já a adjetiva restritiva sempre virá sem vírgula. 
Não reconheci o médico que nos atendeu no plantão de ontem.
           pronome relativo => oração adjetiva => sem vírgula => restritiva

EXERCÍCIOS 

1. Julgue se as vírgulas estão corretas. Se houver falha, justifique-a. 
a) A falha na observação do fato, acarretou uma projeção econômica equivocada. 
b) A análise dos dados indicou no mês de março, uma evolução na produtividade.  
c) Todos já sabiam que, tal pessoa morava naquele endereço.     
d) Ele disse que no outro dia, confirmaria tudo. 
e) Observou-se novamente, que a partir das 2 horas, haverá a possibilidade de novo confronto. 
f) Avisamos que devido ao número de cartas recebidas, a premiação será cancelada. 
g) Constata-se que recebendo o produto com defeitos, a empresa deve providenciar a troca. 
h) Houve o transporte do produto em embalagens adequadas e, a sua quebra, aconteceu no 
manuseio após a entrega. 
i) Estiveram presentes Lula, presidente brasileiro e Hugo Chavez, presidente venezuelano. 
j) É importante ressaltar, que no Brasil tal costume não é comum.            
l) É importante ressaltar que, no Brasil tal costume não é comum. 
m) Ele disse que se não houvesse contratempos, estaria presente.  
n) Ele disse que estaria presente se não houvesse contratempos. 
o) Tudo já estava combinado, pois ainda que houvesse falhas, o documento seria aceito.  
p) Destacou-se que se as pessoas desconhecem a regra do jogo, devem antes aprendê-la. 
q)  Foi  também  convocado  José  da  Silva  Xavier  que  estava  no  local  do  crime, mas  no  dia 
determinado, não compareceu. 
r) Três Estados foram importantes nessa época: o Rio de Janeiro que concentrava o poder, 
Minas Gerais que possuía riquezas naturais e agropecuárias e São Paulo que começava a se 
posicionar como forte centro industrial. 
s) Poderá inscrever-se no concurso, todo candidato que na data prevista pelo edital, possuir 
mais de dezoito anos. Se houver inscrição por procuração, deverá o procurador, apresentar 
documentação registrada em cartório. O prazo de inscrição, vai até o dia 30.



FONTE:
BOLOGNESI, João. Curso de Língua Portuguesa. Complexo Educacional Damásio de Jesus.

terça-feira, 6 de março de 2012

Princípios básicos de análise sintática

Para entender a sintaxe há que se compreender a relação do verbo com seu patrão (sujeito) e seus subordinados (complementos) na oração. Resumindo: o sujeito manda no verbo que, por sua vez, manda nos complementos.
Mas você sabe a diferença entre frase, oração e período?

I-FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO
Frase é qualquer enunciado que tenha sentido completo, não necessitando de um verbo. 
Ex1: Que dia maravilhoso! => veja que o enunciado, apesar de não ter verbo, tem sentido, qualquer falante nativo do português é capaz de entendê-lo. Isso é uma frase.


Já na oração a presença do verbo é obrigatória, mesmo que a sentença não faça nenhum sentido.
Ex2: Os homens fizeram de conta que...
Uma oração sempre termina quando nos depararmos com uma conjunção (que, e, ou...) ou pronome relativo (que, quem, onde, cujo, o qual...).


Período é um fragmento de texto marcado por dois sinais de pontuação fortes (ponto final, interrogação ou exclamação). É a unidade do texto em prosa. Pode-se dizer que o período está para a prosa assim como o verso está para a poesia.
Ex3: Essa realidade atípica faz com que a região seja muito rica em termos culturais, possibilitando, dessa forma, estudos de caráter social, linguístico e antropológico bastante variados. No entanto, o fator que chama atenção no que diz respeito à pesquisa em Letras no contexto latino americano é, sem dúvida, em como se dá a interação entre multilinguismo e ensino nesse contexto tão diferente do restante do território brasileiro. Essa diversidade étnica em uma região de fronteira resulta em um multiculturalismo delicadíssimo quando se trata de educação regular desses grupos minoritários que, em idade escolar, geralmente se matriculam nas escolas brasileiras.
Se você entendeu que os termos em destaque correspondem a um período diferente, você entendeu o que estou querendo explicar.

Repare que o verbo sempre irá concordar com o núcleo do sujeito - mas quem é o sujeito?
A primeira palavra que se deve analisar ao deparar-se com uma oração é o verbo - O VERBO É A ALMA DA FRASE!


II-ROTEIRO DE ANÁLISE SINTÁTICA
1o. passo: identificar o verbo:
Analise a seguinte frase e identifique seu verbo.

  • O homem realiza seus sonhos.

Se você respondeu REALIZA, parabéns, você sabe identificar um verbo!


2o. passo: classificar o verbo:
Agora complica um pouquinho... quem realiza, realiza algo, certo? Sempre que o verbo estiver ligado ao complemento SEM PREPOSIÇÃO estamos diante de um VTD (verbo transitivo direto - DIRETO por quê? Porque se liga ao complemento de forma direta, sem intermediários)! Se você não sabe identificar uma preposição, meu caro... comece seus estudos por aí! Aqui tem um post que fala um pouco da preposição A e no próprio Wikipédia tem uma lista das principais preposições (pode ir sem medo, já dei uma olhada).
E se a frase fosse assim?

  • O homem realiza de tudo para ser feliz.

Como de é uma preposição, isso faz com que o verbo mude sua transitividade?? NÃO!! Quem realiza, continua realizando algo, ninguém realiza "de algo".
Não é só a preposição quem decide isso sozinha, o verbo é quem nasce exigindo ou não preposição, portanto, como o verbo realizar é VTD e, neste caso, temos uma preposição, então estamos diante de um objeto direto preposicionado e não de um objeto indireto.

NOTA:
Como saber quando estamos diante de um OD preposicionado ou de um OI? Simples! A preposição tem de ser exigida pelo verbo. Quer ver como?

  •  Ele simpatizou com os colegas.

Quem simpatiza, simpatiza com alguém ou com alguma coisa, não é? Essa preposição é exigida pelo verbo, por isso o verbo simpatizar é VTI e o elemento sublinhado ("com os colegas") é o complemento do VTI (Objeto indireto).
IMPORTANTE! Há também verbos que exigem 2 complementos, são os chamados bitransitivos ou VTDI (exigem um objeto direto e um indireto). Ex: Verbo pagar => Quem paga, paga algo a alguém.

3o. passo: encontre o sujeito:
O homem realiza seus sonhos.
Agora, para saber quem é o sujeito, pergunte a este verbo (quem é que realiza? Mané, só lembre de substituir o verbo em negrito pelo verbo da oração que você estiver analisando, ok?).
RESPOSTA = O homem (sim, tudo isso é o sujeito e não apenas "homem"; Homem é o núcleo do sujeito). Como o verbo concorda com o núcleo, acho que você já entendeu por que motivo o verbo está no singular...

Vamos analisar outras frases:
Ele simpatizou com os colegas.
Verbo: simpatizou = "com alguém" (VTI)
Sujeito (quem simpatizou?): Ele
Complemento: com os colegas (objeto indireto)

Algumas pessoas estranhas a nós entraram no recinto.
Verbo: entraram = "quem entra, entra em algum lugar" (VTI)
Sujeito (quem entrou?): Algumas pessoas estranhas a nós =>  TUDO ISSO É O SUJEITO!
Complemento: no recinto (objeto indireto) => lembre-se que no é a junção da preposição em + o artigo definido masculino o.

A mulher pagou a dívida ao seu credor
Verbo: pagou = "algo a / para alguém" (VTDI)
Sujeito (quem pagou?): A mulher
Complemento: a dívida (OD) ao seu credor (OI).

III - ADJUNTO, APOSTO E VOCATIVO
Se adicionarmos em qualquer frase um advérbio que dê ideia de lugar, tempo, modo, intensidade etc., ele será chamado de ADJUNTO ADVERBIAL. Veja:

O homem realiza seus sonhos na Ilha da Magia.
                                                                                  adjunto adverbial de lugar
A mulher pagou a dívida ao seu credor na semana anterior.
                                         adjunto adverbial de tempo
Ele simpatizou com os colegas rapidamente.
                                                                                 adjunto adverbial de modo


O APOSTO é outro elemento que pode aparecer na oração, ele nada mais é do que uma explicação (pode vir entre vírgulas, entre parênteses ou travessões e ainda após sinal de dois pontos). Veja abaixo os elementos em destaque:
  1. O homem, que nunca está satisfeito, realiza seus sonhos.
  2. A mulher - que comprou mais do que precisava - pagou a dívida ao seu credor.
  3. A mulher pagou sua dívida ao credor: 2 cheques de 500 reais.
  4. Ele (que é uma pessoa taciturna), simpatizou com os colegas.
OBSERVE que o aposto também pode aparecer fazendo referência a sonhos, na oração 1; a credor, na oração 2 ou a colegas, na oração 3.

O VOCATIVO também vem antes de uma vírgula, mas, diferente do aposto, faz uma invocação ao interlocutor.
  1. Colegas, vamos aos fatos!
  2. João, gostaria de pedir desculpas. (CUIDADO! não confunda sujeito e vocativo - sujeito nunca vem separado do verbo por nenhum sinal de pontuação).
  3. Concursistas, aos estudos!
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EXERCÍCIOS

1. (FCC) “... que a previsão não tem o menor fundamento científico...”  
  O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o grifado acima está na frase: 
a) não passam de especulação sem base científica. 
b) para cortar as emissões de gases do efeito estufa decorrentes da atividade humana ... 
c) ou o mundo chegará ao fim do século XXI à beira de uma catástrofe. 
d) ... que as geleiras do Himalaia podem desaparecer até 2035 ... 
e) ... que dependem da água produzida pelo degelo nas montanhas. 

2. (FCC) Afinal, o verdadeiro tradutor precisa de formação teórico-prática sólida... 
       O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o do grifado acima está na frase: 
a) O tradutor é um dos principais responsáveis pelo intercâmbio cultural entre as nações... 
b) ...pois espelha textos numa língua diferente... 
c) ...para tomar a melhor decisão diante de uma expressão nova... 
d) O reconhecimento de seu trabalho levaria a cursos superiores... 
e) ...para contabilizar sua importância... 

3 . Faça a análise sintática dos períodos a seguir (identificando e classificando sujeito, verbo e seus complementos)
a) A urna eletrônica implicou profundo controle eleitoral em alguns municípios.  
b) Aos brasileiros foram impostas normas alfandegárias muito injustas. 

4. Separe as orações, identifique os sujeitos e destaque o núcleo 
a)  São  previstas  em  lei  as  providências  referentes  a  pilhas  e  baterias  já  utilizadas:  devem  retornar  aos responsáveis por sua fabricação. 
b) Nenhum dos votos, nas democracias, deixa de ter consequências, já que a todos se dará a mesma acolhida.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Estudo da palavra A

A palavra “a”, quando posta em uma oração, pode ocupar uma das seguintes classes: preposição, artigo, pronome pessoal ou pronome demonstrativo. Note a seguir uma seleção de usos de cada um deles:

I – PREPOSIÇÃO A

  Esta  classificação  é  a  mais  importante,  pois  influenciará  várias  noções  gramaticais  (crase,
concordância,  preposicionamento,  etc.).  Comece  a  atentar-se  a  certas  propriedades  que  criam  oposições principalmente ao artigo. A noção primeira e essencial é que a preposição é uma palavra invariável: não traz marcas de gênero nem de número, ou seja, não existe a ideia de singular ou plural, nem de masculino ou feminino.
  Por  não  concordar,  permite-nos  concluir  que  diante  de  substantivos  no  plural  ou  substantivos masculinos, o “a” só pode ser preposição (e jamais artigo, pois este sempre concorda):

Comuniquei o problema a mulheres da região.    O sorteio era restrito a crianças até 5 anos.
       “a” + substantivo no plural             “a” + substantivo no plural
(Pela falta de concordância, deduz-se que só pode ser preposição “a”.)

Falei a respeito das mudanças na lei.       Eles vieram a pé.
     “a” + substantivo masculino            “a” + substantivo masculino
(Pela falta de concordância, deduz-se que só pode ser preposição “a”.)

  Também é interessante saber que, em certas situações, não há hipótese de uso do artigo “a”, pois
gramaticalmente não há correção. Por exemplo:

a) antes de “este, esta, esse, essa, isso” é impossível o uso do artigo “a”, logo o “a” nessas situações só pode ser preposição: 
Falei a essa pessoa. Dirigi-me a esse  indivíduo.
               preposição                preposição

b) antes dos pronomes “vocês, Vossa Senhoria, Vossa Excelência” (e outros iniciados por “Vossa” ou “Sua”), não se usa artigo “a”, portanto o “a” que anteceda tais palavras sempre será preposição:                        
Falei a você. Dirigi-me a Vossa Senhoria.
       preposição    preposição


Muitos  são  os  exemplos  em  que  o  artigo  “a”  é  proibido  por  razões  gramaticais  e  será  com  o conhecimento desses casos que se começa a dominar, por consequência, a área proibida da crase, ou seja, situações em que nunca ocorrerá crase. O raciocínio que vai sendo fundamentado é: se o artigo “a” não pode
ser usado, é quase certo que a crase também não pode ocorrer.

Quanto à preposição “a”, ela é usada essencialmente para:
a) introduzir um complemento verbal: Falei a vocês.
b) introduzir um complemento nominal: Fomos obedientes a todas as leis.
c) iniciar algumas locuções: Foi uma operação a laser. Ele está a bordo do navio.
d) intermediar algumas locuções: Começamos a estudar. O curso será de segunda a sábado.
e) finalizar algumas locuções: Em relação a essa ideia, todos aceitaram.
f) evitar ambiguidade: Concluímos que ao doente não deve enganar o médico.
g) acompanhar pronomes pessoais do caso oblíquo tônico: Examinaram a mim, a ti, a nós.
h) introduzir orações reduzidas de infinitivo: Ao chegar aqui, não deixe de visitar-me.

II – ARTIGO A, AS

O artigo, em oposição à preposição, traz flexão, ou seja, concorda em gênero e número (o livro, os livros, a pessoa, as pessoas). A função básica do artigo “a” é preceder o substantivo, dando-lhe determinação:
Vimos a pessoa.
  Para casos de proibição de crase, é interessante saber que o artigo feminino “a” nunca antecede:
- substantivo masculino: foi a júri, falei a respeito, ir a bordo, a pé, operação a laser
- pronome pessoal: falei a ela, a mim, a ti, a nós
- pronome indefinido: falei a ninguém, a todos, a qualquer, a nenhuma
- pronome demonstrativo esta/este/isto e essa/esse/isso: falei a esta, a este, a essa, a esse
- verbo infinitivo: a partir de, a combinar, a começar
- pronome de tratamento iniciado por Vossa ou Sua: falei a Vossa Senhoria, a Vossa Excelência
- pronome de tratamento você: a você
- artigo indefinido uma: falei a uma pessoa.
  Disso se conclui que a palavra “a” nas situações acima enumeradas só poderá ser uma preposição “a”
e  nunca  o  artigo  “a”.  A  memorização  dessa  lista  é  decisiva  para  entender  a  proibição  da  crase  em  tais situações.

III - PRONOME PESSOAL A, AS

O pronome pessoal “a” é usado para:
a) substituir o substantivo anteposto: É certo que a criança estava ali, pois todos a viram. 
  Tal  pronome  sempre  está  vinculado  ao  verbo,  complementando-o.  Se  vier  posposto  (ênclise)  ou interposto ao verbo (mesóclise), haverá o uso do hífen: analisei-a, analisá-la-ei.

IV - PRONOME DEMONSTRATIVO  A, AS

Usa-se o pronome demonstrativo “a” para:
a) remeter-se a um substantivo anteposto: Sobre as leis, só vi a que me interessou. 
  Tal uso sempre trará um substantivo implícito, que se deduz pelo contexto. Em geral, também se pode trocar por “aquela”. Observe:
Sobre as leis, só vi a que me interessou. = Sobre as leis, só vi a [lei] que me interessou.
Sobre as leis, só vi a [lei] que me interessou. = Sobre as leis, só vi aquela que me interessou.

V - DIFERENÇA ENTRE ARTIGO DEFINIDO
E PRONOME DEMONSTRATIVO

a) artigo “a”: sempre está vinculado a um substantivo explícito; 

b) pronome demonstrativo ”a”: vem sempre sem o substantivo, que estará implícito no contexto.  

  Havia a pessoa certa para fazer o trabalho e não a que você chamou.
                       artigo         pronome demonstrativo

  Eles fiscalizaram as empresas: a do centro foi notificada e a do bairro não teve problemas.
                     artigo        pronome demonstrativo              pronome demonstrativo
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EXERCÍCIOS

1. (ESAF) Em “visam atender a demandas”, “a” é artigo feminino singular exigido pelo verbo “atender”.

2. (ESAF) Em “a muito custo”, o “a” funciona como uma preposição.

3. (ESAF) “Como o Estado tem o privilégio de impor ônus ao particular, e em prazos determinados, tanto mais deve agir com obediência a normas permanentes e conhecidas.”
  Pela ausência do sinal indicativo de crase, entende-se que em “a normas permanentes”, existe apenas
a preposição a.


4. (CESPE)  “O investimento leva também a uma diminuição de 80% dos resíduos.”
  Em “a uma diminuição” o “a” é uma preposição exigida pela palavra “investimento”.


5. (CESPE) Quanto à correção gramatical, julgue o item abaixo.
  A  agência  assinou  convênio  com  a  Secretaria  de  fazenda  do  Estado  do  Rio  para  cooperação  no
combate à irregularidades no setor de combustíveis.

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FONTE:
BOLOGNESI, João. Curso de Língua Portuguesa. Complexo Educacional Damásio de Jesus, 2011.

domingo, 4 de março de 2012

Interpretação de Textos

LEITURA E COMPREENSÃO DE TEXTOS EM 

LÍNGUA PORTUGUESA

Podemos, tranquilamente, ser bem-sucedidos numa interpretação de texto. Para isso, devemos observar o seguinte:
01. Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto;
02. Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a leitura, vá até o fim, ininterruptamente;
03. Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo menos umas três vezes;
04. Ler com perspicácia, sutileza, malícia nas entrelinhas;
05. Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar (quando se deparar com uma pergunta, sempre conteste todas as afirmativas falsas com o que está escrito no texto – não tente fazer isso “de memória”, volte ao texto e tenha certeza!)
06. Não permitir que prevaleçam suas idéias sobre as do autor (não importa o que você pensa ou sabe e sim o que o texto está dizendo, ele é sempre mais importante do que tua opinião particular – em um vestibular ou concurso, NUNCA perguntarão a tua opinião sobre o assunto!);
07. Partir o texto em pedaços (parágrafos, partes) para melhor compreensão;
08. Centralizar cada questão ao pedaço (parágrafo, parte) do texto correspondente;
09. Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada questão;
10. Cuidado com os vocábulos: destoa (=diferente de ...), não, correta, incorreta, certa, errada, falsa, verdadeira, exceto, e outras; palavras que aparecem nas perguntas e que, às vezes, dificultam a entender o que se perguntou e o que se pediu;
11. Quando duas alternativas lhe parecem corretas, procurar a mais exata ou a mais completa;
12. Quando o autor apenas sugerir idéia, procurar um fundamento de lógica objetiva;
13. Cuidado com as questões voltadas para dados superficiais;
14. Não se deve procurar a verdade exata dentro daquela resposta, mas a opção que melhor se enquadre no sentido do texto;
15. Às vezes a etimologia ou a semelhança das palavras denuncia a resposta;
16. Procure estabelecer quais foram as opiniões expostas pelo autor, definindo o tema e a mensagem;
17. O autor defende idéias e você deve percebê-las;
18. Os adjuntos adverbiais e os predicativos do sujeito são importantíssimos na interpretação do texto.
Ex.: Ele morreu de fome.
de fome: adjunto adverbial de causa, determina a causa na realização do fato (= morte de "ele").
Ex.: Ele morreu faminto.
faminto: 
predicativo do sujeito, é o estado em que "ele" se encontrava quando morreu.;
19. As orações coordenadas não têm oração principal, apenas as idéias estão coordenadas entre si;
20. Os adjetivos ligados a um substantivo vão dar a ele maior clareza de expressão, aumentando-lhe ou determinando-lhe o significado.
Nota: Diante do que foi dito, espero que você mude o modo de pensar, pois a interpretação não depende de cada um, mas, sim, do que está escrito. "O que está escrito, escrito está."